Andrea Onishi, do SuperZiper

(Publicado originalmente em 08/04/2014)

O SuperZiper já é uma referência quando o assunto é artesanato. Não o artesanato tradicional, mas aquele com um toque moderno, que mistura técnicas e tem movimentado um número cada vez maior de produtores e consumidores. Criado pelas publicitárias Andrea Onishi e Cláudia Fajkarz em 2006, hoje elas articulam encontros, cursos e bazares, sem esquecer do conteúdo que é fundamental para divulgar esse mercado.

Conversei com a Andrea sobre o SuperZiper e as novas tendências desse mercado.

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P: O que foi que levou vocês a criarem o SuperZiper?

R: A gente sempre foi desse universo, primeiro como lado b e agora como lado a, nós duas somos publicitárias, estudamos juntas, trabalhávamos cada uma em um portal de notícias, mas já cultivávamos o hábito de criar e inventar diversas coisas nas horas vagas. Aí por volta de 2006 nós resolvemos nos juntar, já que estávamos sempre falando de trabalhos manuais, para criar um blog, que divulgasse algumas técnicas, desse dicas.

Percebemos que, na época, lá fora já tinha muita gente que se uniu através da internet para discutir e conversar sobre isso. Foi esse nosso intuito, poder reunir as pessoas que tinham o mesmo interesse. Então começou de forma muito despretensiosa, apenas com essa parte online, mas hoje a gente promove encontros, oficinas, bazares. Então a gente tentou tirar da internet e trazer essa movimentação da comunidade craft para a vida real.

Eu particularmente trabalho muito com isso, porque sou da área de conteúdo, então temos outras funções que ajudam com a parte financeira, mas o SuperZiper já é boa parte de nosso dia-a-dia.

P: Então sempre foi algo de vocês, mesmo antes do site, fazer trabalhos manuais?

R: Sim, nas nossas famílias sempre tiveram pessoas que estavam nesse mundo dos trabalhos manuais. Por exemplo, minha mãe trabalhou como estilista e o avô da Claudia era alfaiate, então a gente sempre teve acesso à tecidos, técnicas de costura, e com o tempo fomos aprimorando isso, muito por curiosidade e de forma completamente auto-didata, e hoje é legal que eu percebo que podemos transmitir esses conhecimentos e técnicas.

P: Isso é uma característica do artesanato moderno, não? Essa mistura de técnicas.

R: Apesar de ter gente que faz somente tricô, ou crochê, ou patchwork, é sim cada vez mais comum encontrar trabalhos da mesma pessoa em que essas técnicas estão se misturando.

P: Pelo que vocês percebem, até por acesso e interações no site, o movimento do craft está ainda localizao em alguma região específica ou é presente em todo país?

R: Hoje eu acho que é no Brasil inteiro, recebemos contatos de todo país, apesar de que a maioria ainda está em São Paulo e no Rio de Janeiro, até porque aqui temos acesso mais fácil à materiais. Mas isso não impede que pessoas de outros lugares se interessem e comprem material até pela internet para poder exercer essas atividades. E não temos só acesso do pessoal super prendado, hoje mesmo quem diz que tem “duas mãos esquerdas” e não tem habilidade manual entra em contato com a gente para dar ideias e dizendo que um dia vai tentar fazer alguma coisa. Já estamos há sete anos com o site, então já deu para perceber que já uma grande expansão do mercado.

P: Vocês tem um perfil de quem está fazendo esses trabalhos? É mais o pessoal que está no “Plano B” ou tem bastante gente buscando se profissionalizar?

R: Acho que é bem dividido, tem gente que está nessas apenas como um hobby, mas tem também o pessoal que, por exemplo, vem de uma faculdade de design e se especializa pensando em criar uma marca e uma linha de produtos. E o que é curioso é que o pessoal já vem com uma visão bem diferente daquele artesanato convencional, que é praticamente somente cópia de peças e tem o mesmo modelo de anos e anos. Quem vem agora está mesmo com uma proposta nova.

P: E é uma proposta que passa longe daquelas feirinhas hippies do litoral, né?

R: Sim! Sem preconceito nenhum, mas a gente diz que não é o artesanato da vovó. Existe espaço para tudo, tem para o artesão da feirinha hippie, tem para a vovó que faz o paninho de prato, mas tem também esse pessoal novo. A gente pegou essas técnicas e colocou num contexto mais moderno. Por exemplo, tem o ponto-cruz, mas com uma roupagem atual.

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P: E o perfil do consumidor do produto final? Tem um perfil característico?

R: É um perfil que eu acho que está em desenvolvimento. Por exemplo, quem vai nos bazares atrás de algo único é quem quer um produto que se distancie da massificação do shopping, as pessoas estão valorizando essa personalização dos produtos, quer algo único. E é importante notar que os produtos artesanais não vão ser necessariamente mais baratos, ao contrário, pelo tempo que se dedica, pela técnica, são muitas vezes mais caros. A gente aborda muito essa questão no site, porque tem muita gente que ainda não entende como uma bolsa artesanal pode ser mais cara que uma bolsa de shopping, então passa pela gente esse papel de conscientização.

P: Você pessoalmente, o que gosta de ir atrás nos bazares?

R: Hoje em dia eu acho que estou indo muito mais atrás de roupas, tem muita gente fazendo roupas com uma qualidade excepcional. Gosto também de bijuterias, objetos de decoração, tem um pessoal que está fazendo uma pesquisa muito legal de produtos.

P: E o SuperZiper, qual o futuro? Com o mercado evoluindo, quais as ideias?

R: Queremos muito aumentar a divulgação e a valorização desse mercado, acho que ainda tem muito a ser falado, a ser mostrado, e o SuperZiper é uma janela, nós temos uma relevância grande dentro dos veículos que tratam desse assunto. Queremos ativar um canal no YouTube com uma série de mini documentários em lugares que praticam essas técnicas, achar lugares curiosos que tenham a ver com nosso universo mas que ninguém conhece.

P: Prá fechar, qual o lugar que merece ser descoberto em SP?

R: Nossa dica de visita na cidade é a Novelaria Knit Café, um espaço em Pinheiros que é dedicado a venda de artigos de novelaria, cursos e também é um café. O site é http://novelaria.com.br.

 

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